Essa semana uma notícia despertou o interesse de quem convive com a D.A.
Pode ter passado despercebida por milhares de pessoas, mas por nós, não.
A pequena esperança de uma qualidade de vida melhor para quem tem dermatite atopica, tem nome e se chama dupilumabe.
Esse medicamento é uma injeção subcutânea que pode ser administrada tanto pelos médicos, quanto pelo próprio paciente e deve ser aplicada a cada duas semanas. O dupilumabe age contra o mecanismo inflamatório da doença, e somado a outros tratamentos, a expectativa é que diminua os dolorosos sintomas da D.A ocasionando um alivio muito mais rápido e duradouro.
A previsão é que o medicamento, que já é utilizado em outros países e que finalmente foi aprovado no Brasil, chegue em 2018. Apesar de valores não terem sido oficialmente informados, é provável que a princípio, o remédio chegue a custar valores exorbitantes. E claro que isso está longe de ser a cura esperada por nós. Mas, por outro lado, torna-se uma esperança na difícil luta contra a D.A.
Já fiz um outro post aqui no blog explicando sobre a dermatite atopica, mas para quem ainda não sabe, ela é uma doença crônica inflamatória da pele, que provoca reações exacerbadas quando entramos em contato com substancias que para o nosso sistema imunológico são consideradas ameaças, quem tem dermatite atopica geralmente tem Rinite ou Asma, daí a reação pode ser tanto respiratória, quanto cutânea. Quando eu digo que as reações são exacerbadas, elas realmente são.
Quem tem dermatite atópica, sabe que pode ter uma crise a qualquer momento se entrar em contato com poeira por exemplo, um produto de limpeza ou até mesmo um determinado alimento. A nossa pele é totalmente desprotegida, pois há uma falha na barreira de proteção e por esse motivo, tudo pode dificultar os sintomas. Falando neles, pele ressecada, coceira intensa, prurido, sensibilidade são alguns dos sintomas mais frequentes. A dermatite atopica surge na infância e na maioria dos casos, até a pré adolescência os sintomas desaparecem ou diminuem significativamente. Para quem não tem essa chance, a doença progride com o passar dos anos, e os sintomas tendem a piorar.
Descobri a dermatite atópica ainda bebe, já são 25 anos convivendo com a doença e percebendo que com o passar do tempo, ela se agrava. Tem dias que você está bem, em outros, você chora, porque não consegue dormir. A inflamação e a coceira são tão intensas que interferem nas atividades mais simples do dia, fora que como a pele é extremamente sensível, a coceira pode ocasionar infecções que agravam ainda mais a doença. A gente vai aprendendo a conviver com ela, mas isso não a torna mais fácil.
Eu sempre costumo dar esse exemplo, sabe quando você está extremamente cansada, depois de um dia de trabalho e precisa tomar aquele banho quente de meia hora pra relaxar? Pois é, não podemos fazer isso. E se fizermos, estaremos arcando com as consequências de tomar um banho quente. A água quente intensifica o ressecamento da pele, e o resultado é imediato, você já sai do banho, sentindo sua pele repuxando, sensível, ressecada e coçando, a coceira por sua vez, provoca lesões, que por sua vez provocam mais coceiras ainda, a inflamação surge e com ela a dor, e assim cria um ciclo vicioso.
Quer um outro exemplo bem prático? imagine que você tem uma esponja, e ela precisa estar completamente “hidratada”. Você acabou de molhar a esponja, e a água ja foi totalmente sugada por ela, deixando a esponja seca como anteriormente. A esponja é a nossa pele, e a água, no caso é o hidratante. Nossa pele é tão ressecada, mas tão ressecada, que por vezes, sentimos que mal passamos o hidratante e ele rapidamente já foi absorvido pelo nosso organismo.
Dia desses, eu fiquei estressada com uma situação e o resultado foi uma crise bem forte de dermatite: pele inchada, coceira intensada e o corpo todo empipocado. Daí alguns dias depois, eu fiquei ansiosa por algo muito bom que tinha acontecido, resultado rsrsrs outra crise de dermatite e os sintomas foram esses aí de cima também. Conclusão: nossas emoções precisam ser calculadas e ficarem exatamente na média, pois qualquer alteração já afeta diretamente o nosso organismo. Agora me diz como a gente faz isso? Porque em 25 anos, eu juro que ainda não aprendi.
Não é fácil conviver com a D.A, a gente passa por dias bem difíceis, por dores intensas, e se priva de algumas coisas simples, por conta das limitações. Pior ainda, é quando acham que não passa de frescura. Alergia tem esse rótulo de frescura né? Só quem passa sabe. Além disso, vale mencionar o gasto com medicamentos. Todos são muito caros, e as doses precisam ser constantes, então, eu mesma já perdi as contas do quanto eu já gastei com medicamentos para combater a dermatite. Certamente, se fossemos somar tudo, o valor seria estratosférico!
Enfim, entre muitas outras coisas, temos buscado a esperança em opções alternativas e essa injeção tem sido como uma luz no fim do túnel. Eu mesma, tenho aguardado ansiosamente (olha aí mais uma ansiedade) por ela. Nos resta apenas aguardar por dias melhores, e também pra que de alguma forma, a gente consiga essa “preciosidade” em uma forma acessível para todas as pessoas… Paciência é o que nos resta não é? Então…
3 Comentários
Magali Regina
Muito esclarecedor está matéria sobre DA. Acho que tenho está terrível doença, ainda não tenho um diagnóstico preciso, mas tenho sofrido muito com esta coceira infernal…
Juliana Sousa
Magali ReginaOiee Magali! Obrigada pela mensagem! Realmente não é fácil lidar com a D.A mas é importante a gente sempre enfrentar a doença e buscar informação, e sempre que necessário buscar ajuda também, pra não passar por isso sozinho. Te desejo boa sorte no diagnóstico! E seja bem vinda ao conceito it! Bjs
Diário da D.A: o tratamento com Dupixent - Conceito It
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